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Tudo sobre a minha irmã

sista

Em uma tarde de uma semana fria, perguntei à minha irmã:

– Você leu meu último texto?

– Li.

– Gostou?

– Sim, mas ia gostar mais se eu estivesse na história.

E foi isso, uma leve cutucada e sutil cobrança, que me levou a escrever esse texto.

Pode ser que você, leitor, se identifique em vários pontos, principalmente se tiver uma irmã ou irmão mais nova (o).

Quantas pessoas fazem você se sentir importante, sincera e confortável? E, melhor, quantas trazem, em você, a sensação de que há sim sentimentos puros e verdadeiros, que ultrapassam o tempo?

São poucos, não é mesmo?

No meu caso, eu contaria nos dedos de uma mão. E, uma delas, sem dúvidas nenhuma, é a minha irmã caçula.

Minha irmãzinha, quando pequena, era manhosa e chorona. Fazia de tudo para nunca levar a culpa, ou melhor, para jogá-la em mim.

Foi quem mais dividiu brincadeiras comigo na infância. As tardes, eram um mix de brincar de Barbie e assistir filmes da sessão da tarde.

E como nos divertíamos. Brigávamos, claro, mas, como qualquer briguinha boba de irmãos, em poucos minutos já voltávamos a nos falar como se nada tivesse acontecido.

Acredito que ela me via como a pessoa que podia defendê-la na escola e, por causa disso, não saía do meu pé. No intervalo, sempre vinha até mim e meus amigos com aqueles olhos grandes e esverdeados e um sorriso tímido. Não era preciso ouvir uma palavra pronunciada por ela. Bastava olhá-la para saber que ela queria ficar ali, comigo.

Aliás, seus olhos diziam muito. Quando não estava bem. Quando queria chorar. E até alertavam quando estava doente. Aliás, até hoje, basta olhá-la que sei quando algo não vai bem. E é ela por quem eu viro uma fera. Que eu morro de ciúmes e por quem eu não meço esforços para ver feliz.

Sempre compartilhamos tudo. Os segredos, as vontades, os sonhos e as decepções.

Até um determinado tempo, compartilhávamos, também, o mesmo quarto. E, mal sabia eu que, quando ganhássemos um quarto para cada uma, sentiria tanta falta da bagunça dela.

Mas, isso não impediu que fizéssemos o que a maioria dos irmãos faz: quando um está com medo ou se sente sozinho, corre para o quarto do outro. E, vou te falar: é reconfortante.

Minha irmã, meiga quando pequenininha, na adolescência, foi construindo sua própria personalidade, a qual ilustra uma mistura de força e bravura.

Ela é uma das pessoas mais bravas que conheço. Não à toa, quer seguir uma das carreiras que mais exige uma postura como essa. É também uma das mais sinceras e diretas com quem convivo. Daquela que fala o que pensa, doa a quem doer. E olha que, na maioria das vezes, dói, viu?

Hoje, já uma mulher linda e destemida, é completamente decidida e firme. Quando estou com ela, me sinto segura para abrir meu coração e contar tudo que não tenho coragem de contar a outrem.

Admiro seu empenho e determinação, o que a fazem conquistar tudo o que quer por esforço próprio. Minha irmã não é do tipo que demonstra afeto e carinho. Apesar de ser uma pessoa mais fechada, não é preciso trocarmos um único abraço para saber dos seus sentimentos. Basta tê-la ali, do meu lado.

Toda vez que conversamos sobre o futuro, apesar de ainda morarmos no mesmo teto, é engraçado e até um pouco assustador. E também lembrar que um dia não vamos mais poder correr para o quarto da outra quando sentirmos vontade, já que, como tudo na vida, uma hora cada uma seguirá seu rumo e constituirá sua família.

Irmãos são pessoas importantes para nós. Agradecer a Deus todo dia por tê-los em nossa vida é pouco. São eles quem conhecem nossos pais tão bem quanto nós. São eles, também, que nos conhecem até melhor que nós mesmos.

Irmão é uma parte de você. Por vezes, totalmente diferente, mas, que te completa, te entende, te ouve, te olha com confiança e camaradagem e, o mais incrível, te ama de um jeito único, como ninguém.

Por isso, contar tudo sobre você, minha irmã, é difícil. Mas é fácil você saber o quanto eu te amo. Obrigada, por tudo, tudo e tudo….

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